Brasil começa a testar novo índice de progresso social
De que adianta um país (ou cidade, estado, região) ser rico e não oferecer qualidade de vida à população? Foi a partir de uma pergunta como esta que pesquisadores da ONG Social Progress Imperative (Imperativo do Progresso Social) elaboraram um novo índice de desenvolvimento social, o IPS, ou índice de progresso social. Sua singularidade é medir como está uma localidade, em termos de educação, saúde, igualdade de renda, direitos individuais, entre outros fatores, sem relacioná-los com a riqueza material.
“Ele pode influenciar a alocação de orçamento e o desenho de políticas públicas para o progresso social”, acrescenta Adalberto Veríssimo, pesquisador sênior e co-fundador do Imazon, ONG que usou o IPS no Brasil para detalhar a situação da Amazônia. “Isso porque mede os grandes resultados e não os investimentos. Por exemplo, o que importa é medir os resultados da educação (nota do IDEB) e da saúde (redução efetiva da mortalidade infantil) e não quanto os governos investiram”.
Como o próprio nome diz, o IPS aponta o “progresso social”. Para isso, utiliza 52 medidas, o que o torna um dos mais abrangentes índices já gerados. Os indicadores são divididos em três grupos: Necessidades Humanas Básicas, Fundamentos de Bem-Estar e Oportunidades.
O primeiro é formado por nutrição, acesso a serviços básicos de saúde, moradia e segurança pessoal. O segundo, por acesso a conhecimentos básicos, à informação e comunicação, à saúde e sustentabilidade do ecossistema local. O terceiro, por direitos individuais, liberdade pessoal e de escolhas, tolerância e inclusão e acesso à educação avançada.
O nível de detalhe é grande. Entram na conta, por exemplo, quantidade de acidentes de trânsito, índices de suicídio e ocorrência de trabalho análogo ao escravo, além de tolerância, corrupção e emissões de gases causadores de efeito estufa.
A pontuação final, de zero a cem, é uma média de todos os índices.
A variedade de dados faz com que o ranking dos países seja diferente dos usuais Índices de Desenvolvimento. O Brasil, por exemplo, ocupa a 42ª posição no IPS, com 70,89 pontos, enquanto a China, que tem um PIB muito maior, está em 92º lugar, com 59,07 pontos. Em primeiro geral está a Noruega (88,36), e em último, a República Centro-Africana (31,42).
A página do índice afirma que, por aqui, as coisas caminham bem em nutrição e acesso a serviço médico básico, mas pode melhorar em segurança individual. No quesito bem-estar, o país tem bom desempenho em acesso a conhecimento básico, mas tropeça em sustentabilidade, por exemplo.
Esta é uma lição importante para quem faz governos, mas também para quem faz trabalho voluntário. Com os dados na mão, empresas socialmente responsáveis, ONGs e o poder público podem verificar onde devem investir e quais são as ações mais necessárias para uma determinada localidade. “O IPS mostra claramente onde e quais áreas sociais de cada território são mais vulneráveis. Isso ajuda a priorizar o investimento de recursos escassos”, diz Veríssimo.
Brasil começa a testar dados
No ano passado, a ONG Imazon mensurou o progresso social da Amazônia, com base na metodologia do IPS, e descobriu que a região está abaixo do índice do país. O melhor resultado obtido foi na dimensão Fundamentos para o Bem-Estar, com índice médio de 64,84, e o pior, na de Oportunidades, com 48,33. No ano passado, a metodologia tinha menos indicadores do que atualmente e a nota geral do Brasil era 67,73. Na Amazônia, o resultado geral foi de 57,31.
Recentemente, a prefeitura do Rio de Janeiro anunciou que vai começar a medir o progresso social da cidade, mas não apresentou datas, assim como o governo do Pará.
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